“Governo fala em crise para tentar justificar sua paralisia”

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa diz que o discurso da administração estadual está equivocado e lembra que o Tocantins passou por uma mudança brusca com o afastamento do ex-governador Marcelo Miranda e nem por isso o Estado parou.

A líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, deputada Josi Nunes, avalia que o saldo do governo até aqui foi decepcionante e aponta para um fracasso administrativo. Para a deputada ou está faltando planejamento ou competência para executar as ações previstas. Josi condena o argumento de caos como justificativa para o fraco desempenho do governo. Se­gundo ela, não tem sentido diante do aumento da arrecadação do Estado. “É inaceitável esses argumentos. Como Gaguim conseguiu levar recursos, pagar emendas parlamentares, visitar todo o Estado?”, questiona a parlamentar, que alerta que já passou da hora do governo mostrar a que veio.

A deputada afirma que o fra­co desempenho do governo be­neficia politicamente a oposição, mas que não é isso que os líderes oposicionistas desejam. “Nós queremos trabalhar para ganhar as eleições, mas não vencer em consequência do resultado negativo da administração estadual. De­sejamos que o Es­ta­do encontre o caminho do de­sen­vol­vi­mento econômico e so­cial.”A par­lamentar diz que a oposição tor­ce para que o governo dê cer­to e faça o Estado avançar, mas que isso não implica silenciar di­ante de erros do go­verno que poderiam ser evitados.

Josi Nunes reconhece que seu nome está bem cotado para a Pre­feitura de Gurupi, mas declara de forma enfática que não a­ceita ser candidata. “Eu não te­nho, não agrego, as condições necessárias para viabilizar uma campanha”, argumenta a deputada que admite adiar, mas não abandonar, o sonho de ser prefeita de Gurupi. Sobre a possibilidade de aceitar compor a chapa de oposição como vice, diz que não tem sentido, pois já é deputada e como acredita que seu grupo vence as eleições teria que renunciar ao mandato, o que segundo ela não é produtivo politicamente.

Nesta entrevista a deputada Josi Nunes fala ainda sobre a pe­quena participação da mulher tocantinense na política, o que ela atribui ao preconceito do eleitor que acha que mulher não dá conta de administrar. Josi fala sobre o projeto de sua autoria que propõe a vacinação de mulheres contra HPV e elogia a posição de independência da colega Luana Ri­beiro, do PR, no plenário da Assembleia Legislativa, que tem tido a coragem de votar contra matérias do governo, mas acha cedo considerar a parlamentar republicana como nova integrante da oposição.

Como a sra. avalia o discurso do caos apregoado pelo governo talvez para justificar o fraco desempenho?

Não concordo com esse discurso e tenho um exemplo prático. Marcelo Miranda teve o seu processo de governo interrompido de uma forma traumática, não houve nenhuma preparação, nada nesse sentido, o Carlos Henrique Ga­guim assumiu o governo e nada parou. Olha a dificuldade que o Gaguim teve em um ano de mandato, enfrentando uma eleição, com tantos impedimentos legais que uma eleição proporciona e o tanto que ele fez em um ano. Como o Marcelo fez nos anos de governo. Então para mim é inaceitável, não deve se aceitar esses argumentos de que não estou trabalhando aqui porque eu encontrei o governo um caos. Como Gaguim conseguiu levar recursos, pagar emendas parlamentares, visitar todo o Estado? Em um ano ele conseguiu dar ritmo, como era o próprio slogan dele Acelera Tocantins, e isso não foi só discurso, foi concreto, então não dá para aceitar esse discurso. No ano passado foi aprovado um processo de recuperação da nossa malha viária de quase R$ 600 milhões, passou-se o ano e nossas estradas estão da mesma forma. Recuperaram al­guns trechos, mas existem alguns que estão intransitáveis, porque não foi feito nada no ano passado. E a arrecadação continua aumentando. Quando o governo atual assumiu, ele criticou o orçamento enviado pelo governo Gaguim para essa Casa e aprovado, porque ele diz que tinha sido superestimado e, no entanto, a arrecadação comprovou que o orçamento realizado pelo governo Gaguim era real. A arrecadação superou as expectativas, mas a administração não. Agora recentemente eu tenho pesquisado um programa social (Pioneiros Mirins) que o próprio governador atual implantou. Co­mo está o programa? Na época que o Gaguim assumiu ele não fechou o programa, e agora nós estamos com o programa fechado háa um ano. São alguns exemplos, desde a infraestrutura que tem um maior peso, e esse na área social. Estamos vendo um governo paralisado, com uma desculpa de caos, que não existe porque a arrecadação está positiva. Entendemos que ou as prioridades são outras, que nós ainda não vimos, ou está faltando planejamento com metas estabelecidas claras para o cumprimento dessas ações. Então essa justificativa de crise encotnrada não deve ser aceita por ninguém.

A ameaça do RCED pode estar influenciando psicologicamente o governo e atrapalhando o seu desempenho?

Eu acredito que não. Marcelo tinha também a ameaça de um RCED e não deixou de trabalhar em nenhum momento. O governo Gaguim assumiu em consequência de um RCED com uma crise política e econômica que o Tocantins estava vivenciando e não parou de trabalhar. Eu desejo que este governo consiga encontrar o seu caminho, que não demore porque já tem um ano, porque o povo tocantinense está precisando em todas as áreas

O pífio desempenho do governo termina beneficiando a oposição nessas eleições, ou o governo não influencia nessa disputa, que é mais local?

O governo do Estado acaba influenciado e muito nas eleições. Influencia muito, e há uma ideia de que fazer parte de um grupo do governo o acesso fica mais fácil a todos os projetos e ações. Mas a imagem negativa de um governo também influencia negativamente. Veja só, eu vou pegar o exemplo de Gurupi. Nas pesquisas eu tenho boa avaliação, mas percebo que essa boa avaliação é em decorrência de um desempenho não tão satisfatório do prefeito. A comunidade percebe um desempenho ruim do governo, tudo que está acontecendo, essa falta de atividade, de projetos importantes para o Estado pode influenciar negativamente e, claro, beneficiar a oposição. Nós queremos ter vitória sim, mas não com mau desempenho do Estado, eu e a nossa bancada de oposição desejamos que o Estado trabalhe bem e quando nós denunciamos, quando alertamos sobre algum ponto, não é para inviabilizar, é para alertar e poder encaminhar para a direção melhor. Nós desejamos que o Estado cresça, então nós queremos trabalhar para ganhar as eleições, mas não em consequência, como fruto de um resultado negativo da administração estadual. Nós desejamos que o Estado encontre o seu verdadeiro caminho.

Em Palmas o PMDB volta a reiterar a pré-candidatura do deputado Eli Borges, que ainda não decolou. Qual é o plano B do PMDB para Palmas, o colégio eleitoral mais importante?

Acreditamos e apostamos nessa candidatura. Primeiro, que nós estamos começando e o deputado Eli, do ano passado para cá, teve crescimento significativo. Então o nosso plano é todos nós nos envolvermos e mostrar as qualidades do nosso candidato, que às vezes é desconhecida ou até distorcida. O Brasil está envolvido com corrupção, toda semana há um escândalo novo. A sociedade deseja o perfil de um político com ética, com compromisso, com responsabilidade, que use o recurso público adequadamente. O deputado Eli tem esse perfil e o nosso plano é fazer uma série de ações para passar à comunidade exatamente essas características, o projeto que o PMDB, com o deputado Eli à frente, tem para que Palmas seja uma das melhores cidades do Brasil. Eu defendo sempre o governo Raul Filho, que tem uma sensibilidade muito grande. Qualquer governo que invista em educação é um governo que pensa não no hoje somente, pensa no amanhã. O governo Raul, com o seu projeto de escolas de tempo integral, é reconhecido nacionalmente. Então que se dê continuidade a todos os projetos positivos que ele tem realizado, em conjunto com esse grupo, porque o nosso objetivo é estar junto com o PT de Palmas. Que nós possamos encontrar alternativas para os grandes desafios que todos os dias se apresentam. Cada dia é um grande desafio. E o deputado Eli tem o perfil adequado para liderar esse processo.

Como a sra. viu a prévia do PSB, que definiu um candidato e tem discurso de terceira via?

É mais uma opção. O PSB criou essa alternativa. Em Gurupi tenho defendido que ainda é cedo porque lá nós temos vários candidatos, precisamos alinhar e tentar agregar. O meu único receio é que desse processo, eu tenho visto o desejo do deputado Wanderlei (Barbosa), que isso possa criar um conflito dificultando a unidade. Meu único receio é nesse sentido. Mas espero que todos tenham maturidade política para verificar que às vezes um projeto individual não é o mais importante nesse momento. É um projeto de Palmas. Espero que seja mais uma alternativa e que o próprio PSB consiga encontrar o caminho para agregar todos.

Alguns setores da base de Raul já discutem a possibilidade da deputada Luana Ribeiro se tornar candidata. Qual será a posição do PMDB caso ela seja escolhida?

Não temos discutido essa possibilidade, nosso candidato é o deputado Eli e vamos trabalhar com essa possibilidade. Mais à frente, na época da convenção, com nova avaliação do cenário, vamos verificar se há necessidade de alternativas. Esperamos que não, esperamos que o PR, o PT, todos os partidos possam alinhar com o PMDB dessa vez. Tenho acompanhado a questão do PR, a luta da deputada Luana, e eu defendo muito as mulheres na política, tenho que parabenizar pelo trabalho, pelo esforço dela, mas o nosso candidato é o deputado Eli, e nós queremos é que esse grupo possa se agregar ao projeto do PMDB.

A bancada da oposição na Assembleia já considera a deputada Luana como integrante, ou é cedo para dizer isso?

É importante a participação da deputada Luana nesse processo, nos últimos dias. Temos que separar as coisas, não podemos simplesmente utilizar essa matéria especificamente, que é o balanço das contas do Marcelo Miranda e do Gaguim, como algo que possa fazer uma avaliação só política, temos que fazer uma avaliação técnica. Apesar do parecer do Tri­bunal de Contas do Estado ter uma definição, nós que acompanhamos, já vimos que as contas de ambos na nossa avaliação devem ser aprovadas. Acredito que a deputada Luana fez essa avaliação com certa maturidade e apesar de fazer base do governo e essa questão desse possível rompimento ainda não está bem definido, mas ela mostrou uma postura de bastante independência e maturidade, então foi importante. Mas é im­portante que o PR possa tomar uma decisão, porque esse processo não está muito claro, gera dúvidas, tanto de um lado quanto do outro. O senador João Ribeiro tem trabalho prestado significativo para o Estado, e a adesão dele junto a esse projeto de oposição, que é um projeto alternativo para os próximos governos do Estado, sempre foi bem-vindo, ele tem credibilidade. Na minha opinião, o PR precisa tomar uma posição até para que possa dar mais segurança ao processo político.

Qual a meta do PMDB, o maior partido do Estado, com o maior número de prefeitos e presença em todo o Estado?

A nossa meta é fazer o maior número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. O deputado Júnior Coimbra já fez um mapeamento do Estado, temos 94 nomes consolidados para enfrentar as eleições municipais e nossa meta é ter candidato próprio em todos os municípios. Apresentar uma proposta, o próprio deputado Junior Coimbra vai liderar o planejamento de uma proposta do PMDB para os municípios do Tocantins, mostrando a importância e a viabilidade desse trabalho, e trabalhar em conjunto para conseguir o maior número de vitórias tanto no Legislativo quanto no Executivo.

Por que a sra. resiste à ideia de ser candidata a prefeita de Gurupi, onde o seu nome aparece bem nas pesquisas?

Ser prefeita de Gurupi é um sonho e eu só vou adiar um pouco esse sonho. Neste ano já declarei que não sou candidata e o processo está aberto para outros nomes do nosso grupo. A questão é que não tenho, não agrego, as condições necessárias para viabilizar uma campanha. Não basta apenas querer ser candidato, tem que poder, tem que agregar o querer e o poder. Querer eu sempre quis, quero, mas não tenho hoje essas condições. Campanha é algo sério, é um processo que você tem que preparar bem, planejar, agregar essas condições para poder colocar o carro na rua. Não tenho condições este ano de colocar o combustível, então eu vou adiar esse sonho para o futuro.

A sra. ainda mantém a liderança do grupo dos partidos de oposição, que é um grupo forte. Como vai ser a definição do candidato?

O PMDB de Gurupi convidou esses partidos para um primeiro encontro. Quem presidiu essa primeira reunião foi o presidente do PMDB de Gurupi, vereador Kita Maciel, e foi muito positivo. Co­locamos a questão das eleições municipais como tema central e começamos a discutir o processo. Fizemos a segunda reunião, com seis partidos, e estamos convidando outros partidos de oposição ao governo municipal. Tem partidos aqui que podem até agregar o governo estadual, como o PTB, que esteve conosco na última reunião. Mas o nosso objetivo é discutir um processo alternativo para Gurupi. Estamos socializando essa liderança, cada encontro é um partido que organiza, na semana passada foi o PSB, com o deputado Laurez Moreira. Temos uma reunião marcada agora após o carnaval, que será organizar pelo PT, e já temos uma pauta de discussão, sobre os critérios para a escolha do candidato do grupo e a data máxima que deverá ser feita essa escolha, são os dois temas que queremos discutir na próxima reunião. Se mantivermos o grupo unido, desse grupo sai o candidato a prefeito e a vice, teremos condições viáveis de vitória nessas eleições, porque o povo de Gurupi está decepcionado com a administração atual. Há um sentimento muito grande de decepção e temos a oportunidade de vencer essas eleições, mas é preciso a união desse grupo, É isso que estamos fazendo, conversando, dialogando, todos têm direito de colocar o seu nome, cada partido tem um nome. Mas temos que ter critérios de escolha, que também serão definidos em conjunto nessa próxima reunião.

E a postulação do deputado Laurez Moreira, que já se coloca como cabeça de chapa e tem a sra. como vice ideal?

Ele me colocou isso várias vezes e eu falei que não temos como decidir isso neste processo, a escolha do candidato e do vice tem que ser feita em conjunto com esses partidos, porque com PSB e PMDB sozinhos nós teremos grandes dificuldades. É importante que seja o grupo, e o grupo tem vá­rios candidatos, o respeito a es­ses nomes é importante porque são nomes com grande potencial. O PT tem três nomes, pessoas que tem trabalhado por Gurupi, o Dr. Yuri, o Pedro Dias e o Sávio; o PSB tem o deputado Laurez; o PPS tem o vereador Denis; o próprio PMDB tem o vereador Kita Maciel. Além desses o PDT, que tem o Silvério. São pessoas com potencialidades. É claro que a experiência política, o trabalho, o enfrentamento de eleições que o deputado Laurez fez ao longo de sua vida pode proporcionar a ele uma maior densidade eleitoral. Isso tem que ser analisado, eu acho que ele é um ótimo nome como os outros também o são. Aquele que for o escolhido tem de agregar todos. É isso que tenho conversado com ele e com os outros. A questão da vice não passa nem discutimos isso no PMDB. Isso foi cogitado pelo deputado Laurez pelo fato de meu nome estar bem, mas eu vejo que se o PMDB ficar com a vice ou a cabeça de chapa, digamos que seja a vice, será escolhido dentro do PMDB, nós não podemos ir com um nome definido. E eu já sou deputada estadual, para que ser vice? Além disso, tenho certeza, nós estamos apostando que vamos ganhar essas eleições, e ganhando as eleições, como vice teria que escolher ou deputada estadual ou vice. Temos nomes e temos que dar oportunidade para outras pessoas. É im­portante que mais pessoas participem do processo.

A que a sra. atribui o fracasso da gestão Abdalla?

Não quero fazer avaliação so­bre a gestão Abdalla, que o povo de Gurupi faça essa avaliação. Pelo fato de ter concorrido com ele nas eleições passadas, as pessoas podem achar que a minha avaliação não tem a imparcialidade necessária. O povo de Gurupi já está fazendo essa avaliação, porque está sentindo na pele tudo que tem acontecido.

O fraco desempenho do governo Abdala pode ajudar a sepultar de vez o populismo demagógico iniciado por João Cruz?

Eu espero que sim. Essa prática populista acaba sendo uma posição administrativa. Essa prática populista da troca, ou do benefício individual em detrimento do coletivo, pesa imediatamente, mas eu vejo que o povo brasileiro está percebendo, está tendo amadurecimento político, é preciso isso. Agora é claro que o povo não vai conseguir esse amadurecimento de um dia para o outro, é preciso todo um trabalho, o processo educacional é forte nesse sentido, para que a gente possa ter esse amadurecimento. É importante no gestor não só essa capacidade administrativa, porque nós também temos visto o seguinte: aqueles que foram mais técnicos não conseguiram apoio popular. Então a política é bem diferente de uma gestão em­presarial. Os princípios de uma gestão empresarial têm que estar vinculados ao processo administrativo público, mas você tem que ter uma sensibilidade política, só essa sensibilidade pode resolver questões imediatas mas não colabora com o crescimento de uma cidade. É preciso ter um gestor com esse equilíbrio da parte administrativa e a sensibilidade política. Infeliz­mente, em Gurupi, não temos visto esse equilíbrio nessas últimas gestões, há uma prática populista, apenas discurso, mas as ações concretas para melhorar a cidade ao longo de quase 20 anos de administração não vêm acontecendo. Gurupi está sofrendo, não só por causa dessa gestão, mas de uma série que contribuíram para isso. Hoje Gurupi que deveria ser a terceira melhor cidade do Tocantins, mas vai ocupar o sexto ou sétimo lugar. Cidades menores estão crescendo, e eu quero que cresçam, mas eu gostaria que Gurupi também crescesse. Paraíso está recebendo empresas importantes, de grande porte, há geração de emprego e renda, você vê um movimento de produção e desenvolvimento econômico que gera a questão social. Em Gurupi não, se você pegar o crescimento de Pa­raíso em termos de população, de produtividade, hoje é maior que o de Gurupi. Nós temos um parque agroindustrial que poderia sediar essa parte de produção, que foi criado ainda pelo meu pai, Jacinto Nunes, em 86, 87, e você vai lá e é lamentável ver a situação daquele parque, que não atrai ninguém. Então tem que ter uma série de alternativas que é responsabialidade da gestão municipal, para atrair essas empresas. Gurupi ao longo de tantos anos deve ter crescido em pouco mais de 4 mil habitantes, isso demonstra que não está atraindo pessoas para morar, não está atraindo pessoas que podem produzir, e isso traz resultados negativos para a cidade. Além disso, há a crise que a Unirg está enfrentando, um dos principais pontos de desenvolvimento econômico de Gurupi está vivendo uma crise já a algum tempo.

Quais são os grandes desafios de Gurupi que os pretensos candidatos a prefeito precisam colocar na agenda política?

Alguns eixos são fundamentais, que foi o que eu debati na eleição passada e que é preciso tomar o foco novamente. Primeiro, nós temos que ter uma infraestrutura necessária para atrair pessoas e novos investidores. Nós temos um parque agroindustrial, a nossa malha precisa ser reestruturada, temos que investir na infraestrutura para atrair empresas e gerar emprego e renda. Mas aliado a isso nós precisamos da parte educacional porque hoje uma das grandes questões, quando novos investidores ou os próprios investidores de Gurupi que tem sofrido muito, é a qualidade das pessoas que trabalham, elas têm que estar preparadas para aquele trabalho. Então temos batalhado por um sistema educacional importante, não somente aquele que é responsabilidade do município, que é o ensino básico, mas o gestor público precisa investir na Unirg, que é esse polo, e a questão do ensino técnico, preparando todo esse grupo. Infraestrutura e educação são fundamentais. Qualquer pesquisa que você faz com a comunidade a maior reclamação é com a questão da saúde. Saúde não se resolve só com investimento do município, do Estado ou da União, tem que ser um conjunto de ações e cada um fazendo a sua parte. Os nossos postos de saúde, o Programa de Saúde da Família tem que funcionar bem a prevenção e o Estado cumprir bem a parte mais curativa. Ssaúde é também muito importante. Esses três temas são fundamentais e o novo gestor tem que se debruçar bastante. Eu poderia elencar esses três níveis como prioritários.

Como a sra. avalia a participação política da mulher tocantinense?

Não tem avançado, apesar de termos hoje na Assembleia Le­gislativa quatro mulheres. A dificuldade que tenho encontrado dentro do PMDB para conquistar mulheres é a mesma dos outros partidos. Na eleição passada tivemos pouquíssimas mulheres candidatas, então ainda é um caminho longo a ser percorrido. Agora eu estou à frente da presidência da Fundação Ulisses Guimarães, queremos começar em março o primeiro curso de formação política, e nesse contexto vamos ter como foco as mulheres para formação política, para que elas se sintam mais empoderadas, mais capazes de enfrentar esse mundo competitivo, mas onde é necessária sua presença. Então no Tocantins nós estamos caminhando muito lentamente, a quantidade de mulheres prefeitas, de vereadoras, deputadas estaduais, ainda é muito pequena e eu sinto que ainda há preconceito. Eu vivi isso na campanha de Gu­rupi, em muitas visitas que fiz as pessoas diziam administrar a cidade não é coisa para mulher. Então eu sinto que ainda há um preconceito com relação a isso, e nós te­mos que vencer.

Mesmo com a ascensão da presidente Dilma o preconceito anda resiste?

Na eleição passada eu senti isso na pele. Eu vejo muito positiva a presença da presidente Dilma, e o fato de nós termos muitas mulheres participando do primeiro, se­gundo e terceiros escalões do go­verno federal. E isso vai contribuir, não é uma resposta imediata, mas essa imagem positiva do trabalho que ela vem fazendo, com certeza, contribui para que mais mulheres se insiram no processo político, se sintam capazes. É mui­to positiva a presença da presidente Dilma e das mulheres que a estão cercando em posições estratégicas e com resultados positivos.

O que a sra. pretende com esse projeto de vacinação de mulheres contra HPV?

Hoje um dos grandes problemas que a mulher sofre na área da saúde é o câncer do colo do útero, em grande parte causado pelo HPV. Existe a vacina, mas é caríssima. A mulher tem que tomar três doses de uma vacina que custa aproximadamente 400 reais, então como vamos enfrentar esse problema? Mulheres com baixo poder aquisitivo não conseguem jamais se vacinar. Então é importante que o poder público coloque a vacina do HPV como ação dentro de su­as políticas. Alguns Estados já fazem isso. Queremos que o governo do Tocantins inclua isso no seu programa de saúde e no seu programa orçamentário. A partir daí o maior número de mulheres poderá se prevenir contra um dos grandes problemas de saúde que elas enfrentam, que é o câncer.

Como tem sido o debate em torno do seu projeto que trata da proibição de venda de bebida alcoólica para menores? Isso já não é proibido?

Em outubro eu entrei com esse projeto e em dezembro o go­verno entrou com projeto se­melhante. Então temos dois projetos e eu solicitei que esse projeto não fosse votado no ano passado para que nós pudéssemos fazer uma discussão maior com a comunidade. Aposto muito nesse projeto, mas antes de discuti-lo na Casa eu quero discutir com a comunidade e enriquecer o debate. Fi­zemos a primeira reunião com alguns órgãos, no dia 8 de março vamos fazer outra, e quero aproveitar esse espaço para solicitar que a comunidade acesse o nosso site, leia a matéria e mande sugestões para os nossos e-mails, para que nós possamos aprovar um projeto viável. Não quero criar um projeto que não pega, o Brasil está cheio de leis que não pegam. Esse projeto é fruto de uma audiência pública que fizemos o ano passado e falava sobre a violência no trânsito e nós vimos que quase que 100% da violência do trânsito tem como causa sempre algum fator em combinação com o álcool. Vemos que os nossos jovens estão bem cedo começando a ingerir bebida alcoólica. Há pesquisas que mostram que quanto mais cedo você tem contato com o álcool maior é a sua chance de ficar dependente e a partir daí passar a outras drogas. O primeiro passo que a pessoa enfrenta é cigarro, o álcool e depois começa o crack e outras drogas, então é o caminho de abertura para um cenário cada dia mais triste, e nós precisamos combater. Eu disse na nossa reunião e os representantes da Acipa estavam presentes, que não queremos punir, o que essa lei proíbe é a comercialização, a oferta de bebida alcoólica a menores de 18 anos. Essa lei cria punições, multas, se o comerciante vender e for denunciado ele inicialmente terá uma multa e se reincidir poderá até ter cassado a sua inscrição estadual e ter o seu estabelecimento fechado. Essas são as punições, e o que nós queremos é o apoio do empresariado, daquele que comercializa, porque hoje se vê crianças comprando álcool, às vezes é o pai, o avô que pede para a criança ir, esse acesso fácil faz com que a criança veja isso com naturalidade e entre nesse mundo. Temos que fechar o cerco, existe uma lei federal que já proíbe a comercialização, a nossa lei complementa a lei federal. É preciso a parceria de todos, senão ela será mais uma lei sem efetividade. Nós vamos continuar o debate, eu quero convidar a sociedade para discutir melhor essa matéria.

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