Celtins Deve R$ 450 Milhões

A dívida da Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins (Celtins), que só com bancos, Eletrobras e Receita Federal chega a R$ 450 milhões, levará até cinco anos para ser sanada. A afirmação é de Isaac Pinto Averbuch, interventor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), junto à companhia tocantinense, durante entrevista coletiva à imprensa ontem à tarde. Antes, porém, Averbuch se reuniu com representantes da Receita Federal, onde negociou R$ 40 milhões em dívidas e ainda resta negociar outros R$ 11 milhões. Ontem, Averbuch também recebeu a visita de técnicos do Grupo J&F, holding detentora do Grupo JBS, interessada na compra da companhia. Ontem a intervenção da Aneel completou 40 dias e o prazo para que o Grupo Rede encontre um comprador se esgota em 30 de outubro. Do contrário, o governo federal é quem vai tomar frente às negociações, mas enquanto isso a responsabilidade no processo é dos interventores. "Há a possibilidade do Grupo JBS comprar? Há. E uma parte da J&F também quer comprar, mas ouvi dizer que há outros interessados em comprar também", disse. O interventor não descartou a possibilidade de ocorrer com a Celtins o mesmo que houve com a Companhia Elétrica do Pará (Celpa), que foi comprada pela Equatorial Energia por R$ 1,00, depois que um grupo assumiu a dívida da empresa em mais de R$ 390 milhões. Ontem, o Grupo Rede encaminhou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o plano de recuperação das oito companhias sob intervenção da Aneel, que prevê aporte financeiro de R$ 773 milhões. No montante, segundo Averbuch, com base nas informações dos controladores, já constam os valores que contemplam as necessidades da Celtins, que seriam R$ 50 milhões, a princípio. Sobre o interesse do Grupo J&F em fazer negócios com o Grupo Rede, Averbuch afirmou que a transação envolveria o grupo todo e não apenas a Celtins. "Esse é o plano que saiu na imprensa. Não recebi ele oficialmente, não tenho detalhes", comentou. O valor de venda da Celtins não deverá ultrapassar o valor da dívida."Normalmente, em casos desse tipo, como aconteceu com a Celpa, o controlador antigo leva R$ 1,00 e quem compra assume a dívida", esclareceu Averbuch, afirmando que a causa da dívida da Celtins está sendo investigada por meio de auditoria. O governo do Tocantins tem 49% das ações da Celtins e também valores a receber da companhia. Segundo Averbuch, há ações na Justiça sobre o que chamou de débitos de parte a parte. "Ou seja, o Estado também deve algumas outras coisas à companhia", comentou. No próximo dia 17 haverá uma Assembléia Geral da Celtins para deliberar sobre o plano de recuperação que será apresentado à Aneel.           DÍVIDAS             A Concessionária de Energia Elétrica do Tocantins foi a primeira Parceria Público Privada (PPP) do país, concretizada em 1989. Conforme o relatório, em 2011, a Celtins fechou o ano com uma dívida líquida de R$ 234,1 milhões, 15% maior que dívida líquida de 2010, que era de R$ 202,6 milhões. No período, os investimentos da empresa caíram 21,7%, de R$ 228,5 milhões em 2010 para R$ 178,8 milhões em 2011. Luiz Henrique Machado/JTo