Dois prefeitos do Tocantins são destaque em rede nacional no Fantástico da Rede Globo por desvio de verbas públicas O prefeito Jonas Carrilho Rosa (PSD) de Itaporã do Tocantins e o prefeito de Carmolândia, João Holanda Leite (PR)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Durante um mês, em quatro Estados do Brasil: Mato Grosso, São Paulo , Maranhão e Tocantins, equipes do Fantástico investigaram acusações de prefeitos que são acusados de se apoderarem do dinheiro público para benefício próprio ou de terceiros e neste domingo, 4, no programa da Rede Globo mostrou a ousadia desses prefeitos.

De todos os estados apresentados, o Tocantins mereceu destaque por mostrar dois municípios em que prefeitos são acusados de desvio de verbas públicas: o prefeito Jonas Carrilho Rosa (PSD) de Itaporã do Tocantins e o prefeito de Carmolândia, João Holanda Leite (PR), mais conhecido como Bogó. Enquanto o primeiro queria agradar a amiga e teria mandado reformar a casa dela usando verba e funcionário da prefeitura, o segundo é acusado pela Procuradoria-Geral de comprar cabeças de gado para a própria fazenda com cheque da prefeitura.

Carmolândia
A reportagem do Fantástico destacou que pelas acusações, ano passado Bogó ficou um mês preso e, agora, aguarda o julgamento em liberdade, mas afastado do cargo. Em entrevista à repórter, o prefeito afastado disse: “A gente faz as coisas tentando acertar. Não é que a gente erra porque quer errar”. Com esta afirmação, Bogó foi questionado se teria sido sem querer que ele desviou o dinheiro e ele prontamente negou: “Eu não desviei dinheiro. Tenho a consciência limpa que eu não fiz isso”.

O Procurador-Geral da Justiça do Tocantins também em entrevista ao Fantástico confirmou: “Ele desviou R$ 1,086 milhão do município que recebe apenas R$ 3 milhões por ano do Fundo de Participação dos Municípios”.

A reportagem explica que em cidades pequenas como Carmolândia, o caixa da prefeitura é mantido, principalmente, com dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios, que é repassado pelo Governo Federal e completa afirmando que dos 139 municípios do Tocantins, 79, mais da metade, têm prefeitos investigados ou já processados pela Justiça.

Itaporã do Tocantins
Na sequência, o próximo alvo da reportagem foi o prefeito de Itaporã, Jonas Carrilho Rosa. O fantástico conta que no dia 15 de julho de 2009, uma quarta-feira pela manhã, o então promotor da cidade de Colméia, Airton Amílcar, estava procurando uma casa para alugar. Parou em frente a uma que estava em obras. O pedreiro, sem saber que estava conversando com um promotor, acabou contando que estava a serviço do prefeito de Itaporã, cidade que fica a cerca de 30 quilômetros de Colméia, para fazer uma reforma na casa de Alessandra Barbosa da Silva, amiga do prefeito. Alessandra, que teria mudado de cidade, não foi localizada. O prefeito Jonas Carrilho Rosa, que administra uma cidade de 2,4 mil habitantes, disse que foi só um favor que o pedreiro fez, fora do horário de trabalho.

Questionado em entrevista se não seria constrangedor passar por essa situação, o prefeito responde: “Eu diria para você que é constrangedor quando se deve, quando não se deve, não é constrangedor”.

Sobre esse caso, a Procuradoria-Geral de Justiça diz que havia intimidade entre o prefeito e essa amiga e denunciou os dois à Justiça por uso indevido de serviço público.

Análise de especialista
As irregularidades dos prefeitos foram analisadas pelo economista Marcos Fernandes, da Fundação Getúlio Vargas, a partir de dados da Controladoria-Geral da União que afirmou: “Em média, 33% dos municípios, independentemente da região ou estado, apresentam algum tipo de irregularidade no uso das verbas”, aponta o especialista.

Lentidão da justiça
A Controladoria-Geral da União diz que os mecanismos de fiscalização estão sendo reforçados. “Lugar de gestor corrupto é na cadeia”, afirma o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage.

Para o ministro-chefe da controladoria, a lentidão da Justiça corre a favor dos suspeitos. “Um bom escritório de advocacia não deixa o processo chegar ao fim em menos de 10 ou 20 anos, e os corruptos são os que podem pagar os melhores escritórios de advocacia”, declara Hage.

A procuradora Janeci Ascari faz parte de um grupo do Ministério Público Federal que apura desvio de verbas federais em prefeituras. Ela diz que há muito trabalho a ser feito: “O Ministério Público já ofereceu mais de 90 denúncias, e temos mais de 200 investigações ainda em andamento. Há um descaso generalizado com a coisa pública, com o dinheiro público”.

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